sexta-feira, 4 de maio de 2012

Nós, a CEDEAO, a UEMOA e o resto do mundo…


Eu não estava a espera de nada melhor do que isto da CEDEAO. Não só pelo jogo de interesses, pelas "disputas" de protagonismo com Angola mas também porque verdade seja dita a nossa diplomacia nunca teve em conta os países da sub-região. Nunca desenvolvemos relações com países fortes da nossa sub-região como a Nigéria, a Costa de Marfim ou o Gana. Eles nos conhecem mal, não sabem o que se passa aqui, praticamente não têm relações com os nossos dirigentes, a nossa gente quando lá vai é só para as Cimeiras (da CEDEAO ou da UEMOA) e eles só vêm para aqui quando há barulho. Lembro-me que nos últimos anos desenvolvemos relações com países longínquos tais como o (surpreendente) Irão, a Venezuela e até mesmo a África do Sul, os nossos "dirigentes" (Presi, Premier e CEMGFA) foram para Angola um monte de vezes (compreensível pelas razões que nós todos conhecemos)...Mas esquecemo-nos desta gente "que mora" aqui ao lado. A posição da CEDEAO acaba por reflectir o seu desconhecimento da situação e da realidade da Guiné-Bissau, e acaba por assim "facilitar" o jogo de interesses levado a cabo por alguns estados membros da CEDEAO por razões de "interesses".

Pecamos por não termos uma diplomacia estratégica. O presidente Alassane Outarra da Costa do Marfim numa das suas primeiras viagens após ter assumido funções foi ao vizinho Gana (que curiosamente tinha se oposto a um apoio da CEDEAO ao Alassane durante a crise pós-eleitoral na Costa do Marfim, invocando a não ingerência nos assuntos internos), Macky Sall o recém-eleito presidente Senegalês foi a Gambia na sua primeira visita oficial (para falar entre outras coisas da paz em Casamance). Mas nós não damos tanta importância aos nossos vizinhos "oeste-africanos", sabendo que quer queiramos quer não eles sempre terão alguma coisa a dizer em relação a nós seja ela em termos políticos e geoestratégico (CEDEAO), seja ela em termos económicos (UEMOA). Eu já tive a oportunidade de viajar para certos países da CEDEAO e sempre me surpreendeu a forma estranha e surpresa como me olhavam quando eu dizia que eu sou Guineense, as vezes perguntavam que língua falamos e quando muito alguém ainda me dizia “não são vocês que mataram o vosso presidente” ou “não são vocês que tinha um presidente que usa um chapéu vermelho” isto só para verem como somos vistos.

Eu continuo acreditar que nós podemos apreender muito com alguns vizinhos nossos, têm coisas fantásticas acontecendo no Gana, na Costa do Marfim, no Burkina Faso ou no Togo (só para citar alguns) que poderiam ser uteis para nós, para o nosso povo e para nosso desenvolvimento.
Diplomacia também serve para se dar a conhecer e a respeitar, para ouvir os outros e ter o direito de ser ouvido. Acho que se tivéssemos tido uma diplomacia mais pró-activa hoje estaríamos menos a mercê dos interesses de certos “vizinhos”…

Penso que com este poste acabo por ser um afro-optimista, mas tenho as minhas razões!
Eu nunca quis falar sobre política no meu blog, mas desta vez teve que ser….