Eu não estava a espera de nada melhor do que isto da CEDEAO. Não só pelo
jogo de interesses, pelas "disputas" de protagonismo com Angola mas
também porque verdade seja dita a nossa diplomacia nunca teve em conta os
países da sub-região. Nunca desenvolvemos relações com países fortes da nossa
sub-região como a Nigéria, a Costa de Marfim ou o Gana. Eles nos conhecem mal,
não sabem o que se passa aqui, praticamente não têm relações com os nossos
dirigentes, a nossa gente quando lá vai é só para as Cimeiras (da CEDEAO ou da
UEMOA) e eles só vêm para aqui quando há barulho. Lembro-me que nos últimos
anos desenvolvemos relações com países longínquos tais como o (surpreendente)
Irão, a Venezuela e até mesmo a África do Sul, os nossos "dirigentes"
(Presi, Premier e CEMGFA) foram para Angola um monte de vezes (compreensível
pelas razões que nós todos conhecemos)...Mas esquecemo-nos desta gente
"que mora" aqui ao lado. A posição da CEDEAO acaba por reflectir o
seu desconhecimento da situação e da realidade da Guiné-Bissau, e acaba por assim
"facilitar" o jogo de interesses levado a cabo por alguns estados
membros da CEDEAO por razões de "interesses".
Pecamos por não termos uma diplomacia estratégica. O presidente Alassane
Outarra da Costa do Marfim numa das suas primeiras viagens após ter assumido
funções foi ao vizinho Gana (que curiosamente tinha se oposto a um apoio da
CEDEAO ao Alassane durante a crise pós-eleitoral na Costa do Marfim, invocando a
não ingerência nos assuntos internos), Macky Sall o recém-eleito presidente
Senegalês foi a Gambia na sua primeira visita oficial (para falar entre outras
coisas da paz em Casamance). Mas nós não damos tanta importância aos nossos vizinhos
"oeste-africanos", sabendo que quer queiramos quer não eles sempre
terão alguma coisa a dizer em relação a nós seja ela em termos políticos e geoestratégico
(CEDEAO), seja ela em termos económicos (UEMOA). Eu já tive a oportunidade de
viajar para certos países da CEDEAO e sempre me surpreendeu a forma estranha e
surpresa como me olhavam quando eu dizia que eu sou Guineense, as vezes perguntavam
que língua falamos e quando muito alguém ainda me dizia “não são vocês que
mataram o vosso presidente” ou “não são vocês que tinha um presidente que usa
um chapéu vermelho” isto só para verem como somos vistos.
Eu continuo acreditar que nós podemos apreender muito com alguns vizinhos nossos,
têm coisas fantásticas acontecendo no Gana, na Costa do Marfim, no Burkina Faso
ou no Togo (só para citar alguns) que poderiam ser uteis para nós, para o nosso
povo e para nosso desenvolvimento.
Diplomacia também serve para se dar a conhecer e a respeitar, para ouvir os
outros e ter o direito de ser ouvido. Acho que se tivéssemos tido uma
diplomacia mais pró-activa hoje estaríamos menos a mercê dos interesses de
certos “vizinhos”…
Penso que com este poste acabo por ser um afro-optimista, mas tenho as
minhas razões!
Eu nunca quis falar sobre política no meu blog, mas desta vez teve que ser….
1 comentário:
Pois é colega concordo plenamente consigo e penso que é um artigo que vai contribuir para reforçar sentido de estado dos que escolhemos como nossos governantes. Infelizmente os nossos governantes fazem diplomacia em função dos proprios interesses e não do País. é surprendente como a dita comunidade internacional deixaram claramente transparecer desta vez os seus interesse, as vezes pregunto, será que a comunidade internacional (particularmenet as organizações regionais) não fazem parte também da nossa instabilidade? O que esta a passar agora com a situação do conflicto politico militar é prova certa de que somos nós os guineense a resolver os nossos diferendos.
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