quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quem somos?


Quem somos?

Todos os dias acordamos com a certeza de que somos o nome que nos foi dado pelos nossos pais ou familiares, no dia do nosso nascimento ou baptismo e que está registado na nossa cédula de nascimento ou bilhete de identidade…Mas será que somos só isso, um nome? Márcio, Carlos, Didier, Aminata, Braima ou qualquer que seja nome, será que isso expressa realmente quem somos?

Poderíamos colocar a questão de outra maneira, “Quem somos?” e certamente que obteríamos várias respostas e dentre elas muitas estariam correctas. O nosso nome não passa disso mesmo, uma denominação tal como Coca-Cola está para um refrigerante a base de noz-de-cola, cafeina e caramelo. Sou levado a reconhecer de que apesar do não representar aquilo que somos o nosso nome de certa forma remete a uma ideia de base sobre aquilo que parecemos ou que as pessoas acham que somos. Assim quando dizemos “Banana” as pessoas a nossa volta, pensam quase que automaticamente naquela fruta amarela ou verde, de textura macia. Desculpem os exemplos tirados em alimentos, é porque esses nunca enganam, quando comes um bom bife podes descrever esse bife exactamente como ele é, pessoas diferentes podem descrever um bife de diferentes formas, mas nunca poderão confundir o sabor de um bife com o sabor de um camarão.

Mas voltando questão “Quem somos?” após esses exemplos a questão é, será que somos o que parecemos? Sou obrigado a não concordar porque desde do tempo dos nossos avôs ouvimos coisa do tipo “as aparências enganam”, “nem tudo que brilha é ouro” ou “o hábito não faz o monge”. E a nossa cidade de Bissau nos tem mostrado isso todos os dias, muita gente parece mas não é! A muita gente bem vestida, com boa aparência e que em matéria de caracter que não vale um franco. Li a alguns anos atrás num livro escrito a partir de uma entrevista de Joseph Ki-Zerbo ao jornalista René Holenstein de título “Para quando Africa” co-editado pela “Ku Si Mon” uma passagem onde ele dizia mais ou menos isto (não me lembro claramente) que “um dos problemas das sociedades africanas actuais é que muitos se preocupam em “parecer” e não se esforçam para efectivamente “serem”. Eu penso que isto é valido quando colocado com qualquer dos adjectivos conhecidos, tais como rico, inteligente, bem-sucedidos, educados, dentre muitos outros adjectivos possíveis.

Se não somos aquilo que parecemos ser então o quê é que somos! Será que somos aquilo que representamos? Discordo mesmo considerando que somos inevitavelmente parte de um todo/grupo, que pode ser o nosso país, a nossa sociedade, a nossa família ou nosso grupo profissional, considero que somos originariamente diferentes a tal ponto que para além de reflectirmos os grupos que pertencemos também representamos a diversidade que nos faz exemplares únicos e nos dá responsabilidades individuais. Por isso não podemos afirmar que os nossos actos engajam automaticamente o grupo que pertencemos, nem muito menos afirmar que a nossa personalidade espelha a personalidade do nosso grupo.

Se não somos aquilo que representamos, persisto na pergunta de “Quem somos?” afinal!

Sou da opinião de que o que determina “Quem somos?” é na verdade as escolhas que fazemos ao longo da nossa vida. A escolha de retribuir o cumprimento de um desconhecido que passa, de aceitar regras, de ajudar uma criança a atravessar a estrada, de demarcar a nossa posição, de fazer o bem ou o mal. Essas escolhas sim decidem quem somos, são elas que fazem de nós aquilo que realmente somos, independentemente do nosso nome ou do grupo que pertencemos.

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