domingo, 4 de abril de 2010

Mali: Pays Dogon










Começo por pedir desculpa, por ter começado e depois deixado ficar parado o meu blog.
Estou desde 28 de Março no Mali, após um curta estadia em Bamako, viajei para o centro do país para a região de Mopti, mais concretamente para o País Dogon, os Dogons são uma das muitas etnias do Mali, mas estes com a particularidade de habitarem a planície da falésia de Bandiagara a longo de cerca de 200 km de montanhas variando de 100 a 300 metros de altura.
Os dogons são conhecidos por serem agricultores e ferreiros, mas sobretudo pelas tradições e praticas ancestrais e pela sua cosmogonia. O território dogon mais conhecido por Pays Dogon (País Dogon) é uma zona escabrosa e seca (como grande parte do Mali) apesar de receber o rio Níger numa das suas zonas, neste momento (Abril) a temperatura vai até aos 42º C, a falta de água é um problema com o qual os dogons se confrontam, ainda mais sendo esta zona uma dos destinos turísticos mais atractivos no Mali, isso leva os Dogons a fazerem uma optimizada gestão da água, para os visitantes, para agricultura e para os residentes.
Reza a lenda que antes dos Dogons viviam nesta zona os Tellem que viviam essencialmente da caça e da recolha de frutos silvestres, depois chegaram os Dogons que fugiam da islamização e perturbaram o frágil equilibro do Vale da Falasia, então sem mais lugar por onde caçar devido a pratica agrícola dos Dogons os Tellem partiram para sul para as florestas dos Camarões.

Hoje o principal desafio dos Dogons é a gestão da água, para que possa durar durante a sessão seca do com altas temperaturas.
O meu guia local se chama Adjiuro Dolo, é um Dogon, e me tem acompanha pelas aldeias Dogon onde também tem servido de intérprete, os dogon dificilmente falam Bambara a língua mais falada no Mali, e muito menos francês. Adjiuro é simpático, inteligente e perspicaz, têm se preocupado muito com a situação do seu povo face aos recorrentes problemas de falta água.
A comida dogon é a base de milho e carne, peixe não têm, os muitos riachos que se formam no período das chuvas (Junho à Agosto) seca logo depois, uma das outras especialidades Dogon e a Cerveja de Milho, bastante apreciado pelos turistas. Um dia desses estava conversando com Adjiuro sobre a Guiné-Bissau e mostrei-lhe algumas fotos, a pergunta dela foi logo:
- Na tua terra as crianças sabem que existe um país onde as pessoas não têm água nem mesmo para beber?
Eu lhe respondi que não, e que mesmo que soubessem, isto não constituía uma preocupação, e ele replicou:
- As crianças do teu pais deveriam vir visitar-nos para verem o quanto a água é um bem precioso… Mas as crianças Dogons deveriam ir ver o mar, com muita água, isso seria quase como realizar um sonho.
Fiquei comovido com as palavras de Adjiuro, e calei-me. No momento em que escrevo estas linhas, um grupo de mulheres passa em baixo com Cerveja de Milho a cabeça vão para a feira de Sangha uma aldeia próxima, são membro de uma associação de mulheres que cultivam cebola e outras hortaliças, vão juntar o dinheiro da cerveja de milho para finalizar a construção de uma micro-baragem de retenção de água, de modo que depois das chuvas possam ter água para cultivo perto da suas aldeias, ao falta de água, tornou as zonas perto dos pontos de água muito cobiçado e as vezes são mesmo focos de conflito
Confesso que fiquei surpreso, os Dogons são gentis amigáveis e apreciam as pessoas que se interessam por eles. Deixo-vos com algumas fotos deste pequeno Pays Dogon…

2 comentários:

Anónimo disse...

fantastico, fiquei muito imprecionado. boa iniciativa a pessoa tedeve ser criativo

nandi disse...

samir!!
na mundu no mansia suma dedus di um mon. o que de um lado sobra, de outro falta. infelizmente a tendência é em breve termos cada evz mais os problemas dos Dogon.
son pa no bata pega tessu na tarbadju di cumpu terra. gostei das fotos e da "passada".
=)